terça-feira, 22 de outubro de 2013

Curiosidades

Para os mais novos aqui ficam algumas curiosidades dos tempos das bolas de trapos no adro da Igreja de Cedofeita.
(anos 60 - séc XX)

O escudo (moeda)

Como foi referido na página "Os primórdios", o Fausto teve de pagar "uma multa de 80$50 (oitenta "paus" e 5 "tostões") que teve de depositar mum tasquinho que havia ali perto".

"Tostão foi uma moeda de ouro cunhada pela primeira vez no reinado de D. Manuel I equivalente a 1.200 réis, mas também cunhou tostões de prata. Era também o nome dado a uma subdivisão do escudo português, equivalente a 10 centavos" (Wikipédia).

Com a implantação da República (1910), acabaram os "reis" (moeda) e foi criado o "escudo", cujo símbolo era o cifrão($) e que correspondia a mil reis. Como na Monarquia um conto-de-reis correspondia a um milhão de reis, equivalente depois, na República, a 1.000$00 (mil escudos), essa designação manteve-se pelo tempo fora e ainda hoje, os mais velhos, dizem cinco contos quando se querem referir a 5.000$00 (cinco mil escudos).

Portanto, a forma correcta de se designar o valor da multa paga pelo Fausto seria: "oitenta escudos e cinquenta centavos". No entanto, os mais velhos ainda mantinham os hábitos do tempo da Monarquia e era muito frequente ouvir-se: "oitenta mil e quinhentos", ou simplesmente "oitenta e quinhentos". Ou seja: "oitenta mil e quinhentos reis". Havia mesmo quem escrevesse "80$500".

Até ao fim do escudo (2002), eram usuais estas designações:

- 7$50 = sete e quinhentos (sete escudos e cinquenta centavos);
- 10$00 = dez mil reis (dez escudos);
- 1$00 = dez tostões (um escudo);
- $50 = cinco tostões, ou uma coroa (50 centavos).

Curiosamente, quando se falava de 2$50 (dois escudos e cinquenta centavos) usavamos frequentemente a expressão "25 tostões" ou cinco coroas.


Em documentos escritos eram sempre usadas as expressões correctas, pelo que as expressões antigas eram transmitidas pelos mais velhos às gerações mais novas de modo verbal, originando adulterações que se tornaram em expressões de uso corrente até à chegada do euro, tais como:

- Eh pá, empresta aí cem merréis (100 mil reis - 100 escudos - 100$00);
- Eh pá, hoje gastei mais de 5 contos (5 contos de reis - 5 mil escudos);

Voltando à multa que o Fausto teve de pagar por andar a jogar a bola no adro da igreja: "uma multa de 80$50 (oitenta "paus" e 5 "tostões") que teve de depositar mum tasquinho que havia ali perto", usei "paus" em lugar de "merréis" porque, nessa altura, entre a juventude, foi criada essa "moda" cuja origem desconheço, tal como a "coroa" no caso dos 5 tostões.

Em relação ao depósito dos 80$50 numa tasquinha da zona, a ideia que tenho é a de que, nessa época, os agentes da polícia ("bófias") estavam impedidos de receber qualquer importância de multas. Não encontrei qualquer informação sobre este assunto, pelo que deixo para discussão a seguinte questão: Não seria uma jogada da "bófia" para ficar com conta aberta na tasca onde, de quando em vez, iriam beber uns "neguitos", abantendo ao saldo?

A Igreja Paroquial de Cedofeita

Nos inícios do século XX ficou decidido construir uma nova igreja paroquial de Cedofeita. O arquitecto José Marques da Silva foi convidado para elaborar o seu projecto de construção. Embora tenham sido feitas longas tentativas para o realizar, nunca foi concretizado.


Lembro-me dos anos em que por ali andei que a fachada era feiosa e que para aceder à porta principal da igreja era necessário ladear uma espécie de "piscina seca" recoberta de erva.

Foram erguidas umas paredes depois da concretização da sacristia - que ainda existe - que davam corpo à futura igreja. Do desmontado convento que deu lugar à actual estação de S. Bento foram transladadas algumas pedras, algumas das quais ainda lá jazem abandonadas junto à entrada das capelas mortuárias.


(Clique no desenho para o ampliar)



Como as obras se arriscavam de ser mais complicadas do que as de Santa Engrácia em Lisboa (penso eu) ficou decidido construir uma nova igreja.

O templo actual começou a ser projectado pelo arquitecto Eugénio Alves de Sousa em 1963 e a obra ficou concluída em 1994.

(Clique na foto para a ampliar)

fonte: ruasdoporto.blogspot.pt


A Igreja românica de Cedofeita

A Igreja de São Martinho de Cedofeita (também conhecida como Igreja Românica de Cedofeita) é considerada a igreja mais antiga da cidade do Porto, em Portugal.

Não se sabe quando terá sido construída a igreja original, sendo no entanto pacífica a ideia de que será um resquício da povoação sueva, que se localizava em Cedofeita. Uma das teorias maioritárias entre os historiadores [carece de fontes] é a de que terá sido erguida pelo rei suevo Reciário em 446. Outros defendem que foi o rei Teodomiro, também suevo, quem a mandou construir, em 559, tendo sido baptizado nela conjuntamente com o seu filho Ariamiro.

A acreditar nesta última versão da história, o nome de Cedofeita será uma referência à igreja. Conta a lenda que Teodomiro, desesperado porque não encontrava cura para a doença do Ariamiro, recorreu a São Martinho de Tours, enviando a esta cidade embaixadores com ofertas de prata e ouro em peso igual ao do seu filho. Acabou por ser o bispo de Braga São Martinho de Dume o portador de uma relíquia de São Martinho de Tours, perante a exposição da qual o filho do rei foi curado, e todo o povo suevo presente convertido ao catolicismo. Esta relíquia está guardada nesta igreja de Cedofeita, juntamente com outras do evangelizador dos suevos, o bispo de Braga e de Dume. Teodomiro ordenou o início da construção de uma nova igreja em honra do referido santo. O templo foi construído com tal celeridade que se terá dito acerca dele Cito Facta, o que significa Feita Cedo, derivando em Cedofeita.

A igreja foi alvo de sucessivas transformações, adquirindo um traço românico quando foi erguido no mesmo local o Mosteiro de Cedofeita no início do século XII. Em 1742 o prior D. Luís de Sousa Carvalho ordenou várias modificações, dando-lhe o desenho que hoje vemos. Em 1930 a Direcção dos Edifícios e Monumentos Nacionais reconstruiu-a de forma a eliminar alguns elementos ornamentais colocados ao longo dos tempos.

(Clique na foto para a ampliar)

fonte: Wikipédia

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